A China disse nesta terça-feira (20) que tem o direito de divulgar opiniões, depois de Twitter e Facebook terem denunciado campanhas originadas no país que tentavam minar os protestos em Hong Kong. O território controlado pela China passa por uma forte onda de protestos
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, recusou comentar diretamente as ações do Twitter e do Facebook, mas defendeu o direito do povo chinês e da mídia de fazer ouvir suas vozes sobre os protestos em Hong Kong.
Chineses que vivem fora do país e estudantes “naturalmente têm o direito de expressar seu ponto de vista”, disse ele em uma entrevista.
O Twitter informou na segunda-feira (19) que baniu 936 contas e que as operações pareciam ser um esforço coordenado e apoiado pela China.
O Facebook informou que removeu contas e páginas de uma pequena rede depois de um aviso do Twitter. O Facebook disse que uma investigação encontrou ligações das contas com indivíduos associados ao governo chinês.
“O que está acontecendo em Hong Kong, e qual é a verdade, as pessoas naturalmente terão seu próprio julgamento. Por que a divulgação da China na mídia é negativa ou errada?” acrescentou.
O Twitter e o Facebook são bloqueados pelo governo chinês no continente, mas são de livre acesso em Hong Kong, onde protestos mergulharam o território controlado pela China em sua mais séria crise em décadas.
O mobiliário urbano de Hong Kong ganha novas funções nas mãos dos manifestantes: sinalizações de ruam servem para abafar efeito de bombas de gás lacrimogêneo — Foto: Reuters/Thomas Peter
Protestos em Hong Kong
As manifestações populares começaram em 9 de junho depois que o governo local apresentou um projeto de lei — atualmente suspenso — que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental.
O governo recuou do projeto, mas os manifestantes ampliaram a pauta de reivindicações e dizem que lutam contra a erosão do arranjo “um país, dois sistemas” — que confere certa autonomia a Hong Kong desde que a China retomou o território do Reino Unido em 1997.
Os manifestantes querem barrar a influência de Pequim, que eles consideram crescente, e impedir a redução das liberdades dos cidadãos que vivem no território semiautônomo. Eles também passaram a pedir a renúncia da governante de Hong Kong, Carrie Lam, acusada de não defender os interesses internos. Apoiada pela China, ela diz que permanecerá no poder.